quarta-feira, 30 de maio de 2012

algumas poucas verdades (minhas)

1 - assistir filmes repetidas vezes não é perda de tempo. quando se ama o filme se encontra nele a cada assistida uma coisa nova, uma inspiração nova, uma beleza nova. talvez, pra você que não goste de repetir filmes esteja faltando amor ao cinema.

2 - nunca confundir qualidade de feitura, com qualidade de tipo genérica. não é só porque algo se disfarça de narrativa que esse algo é necessariamente bom, mas no fim das contas talvez seja bom pra você, mas essas são as minhas verdades não as suas.

3 - há quem diga que a crítica é inútil. que repartir opiniões sobre filmes é idiotice. porque o que cada um sente é seu. e não seria exatamente esse o sentido de compartilhar uma opinião? compartilhar essa coisa única sua com outrem, fazê-la se chocar com a paixão/ódio alheio. não se trata de impor sua opinião. não se trata de tabelar o que é bom ou ruim para que os outros pensem o mesmo. trata-se apenas de você! e de mim, já que essas são minhas verdades.

p.s. sim, talvez muitas vezes queiramos impor aos outros o que pensamos, queremos que eles sintam o mesmo, talvez às vezes isso seja ruim (ou sempre), mas talvez, bem fundo, queremos apenas que as pessoas sintam as coisas boas que nós sentimos, mesmo sabendo que isso é impossível.

mas ainda fica a dúvida, porque essas são apenas verdades (minhas).

segunda-feira, 5 de março de 2012

Enquanto se enxuga as lágrimas nos óculos 3D - Sobre Hugo Cabret



A vida já é em 3D! E o que o Sr. Scorsese faz em A Invenção de Hugo Cabret é mágica tridimensional. Talvez seja só nas mãos de quem saiba fazer que uma arma como o 3D parece funcionar para chegar ao objetivo de magicizar a vida e vivificar a mágica.

Ainda que em alguns momentos parece ser possível que Scorsese  utiliza o 3D como os outros usam - apenas para causar um certo furor na tela.

De resto temos em frente aos nossos olhos a mágica do cinema. A rememoração do momento mágico em que o cinema se tornou espetáculo. A possibilidade de trazer aos nossos olhos - e quase ao tato - a beleza que é essa coisa de outro mundo que é o cinema e que é tão desse mundo humano. Pois o humano, ainda que num tempo de palpabilidade de pragmatismo, ainda se liberta às vezes para abrir espaço à imaginação, ao sonho.

Encontrar a figura daquele velho Méliès - a máquina quebrada - sendo levada ao conserto através da reconstrução ficcional daquilo que foi o começo do cinema é algo que nem tenho como explicar. Pensava eu que meu amor pelo cinema era grande, mas talvez seja maior ainda.


A mágica recontada me fez chorar. Os olhos incomodados com aqueles óculos se limpavam com o líquido salgado.

Amar o cinema é amar o ser humano. Capaz de sonhar. Capaz de inventar. Capaz de reinventar. Capaz de sentir. Capaz de traduzir. Capaz de construir e reconstruir mundos. Pois há algo mais profundo no cinema do que a simples busca pela sensação breve ao se estar sentado numa poltrona e quase tocando aqueles personagens que passam na nossa frente. Pois no cinema sempre há de existir o ser humano.

Amor.

P.S.: Fui obrigado a assistir uma cópia dublada, mas ainda sim valeu a pena.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Cortes sobre Drive (2011)



aquela navalha afiada que deixa sangrar sem chance de escapatória. Drive é esse filme navalha que com uma precisão de bisturi sabe onde vai e deixa sangrar. não sou muito familiarizado com os filmes do diretor  Nicolas Winding Refn, mas pelo que pude ler aqui (sempre bem vindas indicações de Ronaldo Passarinho) o diretor parece ter flertado com estilos diferentes de direção, e teria feito um filme próprio dele.

a navalha corta. posso estar tendo delírios, mas vejo que esse filme é um daqueles que daqui algum tempo terá seus símbolos estampando camisas e coisas do tipo. cult, na melhor das acepções da palavra. e mais do que isso Drive é um corte (aquilo que se separa) entre tantos outros filmes que esbanjam aberrações por aí.

ryan gosling é frio e cortante como a navalha (sem deixar de ser romântico). nem parece que ele esteve naquele açucarado The Notebook. que bom que as coisas mudam.

pra tanto tempo sem escrever parece ser pouca coisas a dizer, mas é o bastante. se puder, dirija.

p.s. sobre cultificação: aqui


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

fato - cinema - 1

estar assistindo um filme em dvd, na sua sala. na cena escutar buzinas de carro ao fundo. dar um pause por algum motivo. e escutar buzinas na rua da frente da sua casa. contínuo tempo espaço cinematográfico.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sobre Tio Boonmee


**************************Atenção! Talvez contenha spoilers.*************************


Lá, no agora distante, mês de Fevereiro de 2011 estive em São Paulo, capital. Naquela imensidão de gente apressada e horizontes expandidos existiam, claro, inúmeras telas brancas exibindo uns tantos filmes que não passavam – nem passarão - por aqui por esta cidade onde habito, Belém do Grão Pará. Pois bem, deu-me vontade de assistir ao filme Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (Loong Boonmee raleuk chat, 2010) de Apichatpong Weerasethakul – diretor também conhecido como Joe.

Lembro-me de ter comentado com meus companheiros de viagem que gostaria de assitir esse filme e disse o nome do mesmo, talvez eu tenha dito o nome em inglês ou lido diretamente da internet, enfim, o interessante foi o espanto de alguém ao ouvir o nome do filme: Que isso?!

Então, acabou-se minha curta estada em terras do Sudeste e não fui ver o bendito filme – e não fiz tantas outras coisas, como assitir ao Tetro, do Coppola.

Do Joe eu já havia visto um outro filme, Síndromes e um século (Sang sattawat, 2006), lembro de ter gostado. Sobre Tio Bonmee, eu sabia que ele havia ganho a Palma de Ouro em 2010. Ganhar festivais se não indica que um filme é bom pelo menos cria uma certa vontade de assitir a tal para que se possa formar uma opinião própria.

E foi em agosto, mais de cinco meses depois de estar em São Paulo que pude finalmente assistir ao filme. Numa tela na sala de casa. Tentando escurecer ao máximo a sala para que ela faça lembrar um cinema, aquele que nos isola do mundo por algumas horas. Deslocando meus ouvidos e olhos das distrações ao redor, como os sons que produzem meus familiares. E eis que tenho essa sensação que tenta se materializar em uma pergunta: Por que eu demorei pra ver esse filme? Já havia sentido isso antes, e isso é uma coisa boa. Dessas que fazem valer à pena amar o cinema.

O espanto da pessoa quando falei o nome do filme talvez tenha vindo do comprimento do título, ou do nome tailandês do Tio Bonmee. Tal estranhamento talvez seja amplificado quando passa-se ao filme em si – e talvez meu interlocutor tivesse sentido o mesmo ao ver o filme. Numa película onde fantasmas, macacos fantasmas e representações de vidas passadas habitam a mesma dimensão que os seres humanos causa a surpresa que nos envolve quando o insólito invade o natural. Porém, o grande alcance da arte nesse filme é fazer com que esse insólito consiga sobreviver com naturalidade em nosso meio, em nossa visão, em nossos ouvidos. A aceitação exigida do espectador para que se possa fruir da obra é a mesma exigida dos personagens do filme. Primeiro eles se espantam, mas depois se acostumam.

Ao pensar nessa convivência do sobrenatural com o natural é impossível não pensar na própria Amazônia com seus mitos e lendas que coabitam junto aos seres humanos – interessante visitar a tese de doutorado do Professor e Poeta João de Jesus Paes Loureiro, que trata exatamente desse mundo no qual uma fina membrana – sfumato - separa o real e o imaginário, num jogo que se faz necessário para a sobrevivência do homem diante da natureza, nas suas incansáveis tentativas de explicar a imensidão ao nosso redor e a nossa pequenês diante disso tudo.

Nessa convivência entre real e imaginário, a contação de histórias e causos possui papel fundamental na formação, difusão e transformação de mitos e lendas. E a oralidade, magnânima nessa perpetuação das histórias, parece transbordar do filme – ou do que seria a essência de uma história – para o título do mesmo. A denominação da obra possui a meu ver a capacidade de identificar esse Tio Bonmee como um contador de histórias, que pode recordar suas vidas passadas e contá-las, mas sem deixar isso de forma explícita e mais especificamente deixando ao cargo de nosso autor Joe o papel de contador de histórias. O Bonmee pode passar adiante, antes que chegue a hora de sua morte, conhecimentos sobre a coexistência de mundos diferentes, de seres sobrenaturais, de um lado espiritual do ser humano, que parece ser cada vez mais apagado da vida ocidentalizada. Dessa vida que só enxerga o que pragmático e que esquece da beleza e da riqueza que as coisas podem ter sem necessariamente serem explicadas e reviradas e dadas como conhecidas.

Creio que exista nessa demonstração de fatos sobrenaturais uma metáfora bem especial relacionada ao que acredito ser o cinema. Mais do que um lugar, escuro, isolado, onde nos enfiamos para poder nos distanciar dos estresses da vida moderna, da chatice do trabalho, o cinema é para mim – e para muitos outros, ainda bem – um espelho do mundo (sim, aqui penso e me inspiro na ideia de Proust sobre o artista e sua capacidade refletora, citada no Em busca do tempo perdido), que serve não para que nós nos afastemos desse mundo e sim para que nós possamos enxergá-lo e sair da sessão de cinema com algo novo, algum crescimento interno que possa ainda ser levado para os outros de diversas formas. Claro que às vezes é bom apenas sentar numa poltrona para assistir um filme só pra distrair, mas o cinema enquanto arte tem uma função maior, e assim como a sobrenaturalidade no filme, serve como esse elemento que nos faz enxergar no estranho coisas que possamos trazer para o mundo natural.

O natural, para mim, dentro do filme de Joe é transmitida de forma bem clara pela forma como ele decide enquadrar quase que o filme em sua integralidade, num plano mais geral, que deixa os personagens, que desenrolam seus diálogos, a vista de todos, numa ação única. E é nessa generalidade da vida que se insere, sem pedir licença e de forma natural, o insólito: os fantasmas, os macacos fantasmas. Um plano que poderia ser superficial, não conseguindo chegar a pronfudidade dos sentimentos das personagens deixa claro que o que se passa diante de nossos olhos é inerente a todos os seres humanos – o espanto, a saudade, o amor – e isso tudo sem a necessidade de uma câmera intransigente que não sabe se esconder e prefere aparecer mais que as personagens.

Chegando a essa invisibilidade da câmera chega-se a invisibilidade do autor. Joe consegue deixa as personagens andarem como se tivessem vida própria. Eu não consigo sentir a presença dele no desenrolar das cenas. Não consigo visualizar interferência dele nos caminhos que as personagens escolhem seguir. Eu sei que ele existe, que são suas as escolhas estéticas, porém não o vejo atuar atrás da sua câmera indicando o que deve acontecer, como um deus. E ainda, parece-me que ele, Joe, é obrigado a mostrar aquilo que as personagens, seres vivos durante aqueles minutos de exibição da película, o levam a mostrar, existe aí, então, uma sensação de completude: aquilo que é mostrado é o que deve ser mostrado e nada mais.

Mais do que nunca, a forma torna-se mensagem. E não apenas uma história é contada, mas a forma, a beleza conta a si mesma e relaciona-se com a metáfora que falei a pouco sobre o cinema enquanto essa forma de arte que reflete o mundo, pois temos aqui o mundo refletido não só na existência dos seres humanos e na existência dos seres sobrenaturais, mas acima de tudo temos a forma do filme que fala sobre a vida, que se enche de vida. Não há como não achara isso belo. Não há como não esboçar um sorriso. Não há como não ouvir esse causo e não ficar querendo mais.

O superficial nos deixa chegar ao que é profundo. Num dado momento da história, a esposa falecida de Bonmee diz algo do tipo 'o céu é superestimado'. Mais à frente, quando Bonmee parte junto com o fantasma de sua esposa, sua cunhada e o seu sobrinho, para sua última caminhada, eles chegam a uma caverna. Eles entram nessa caverna. Ao passar por uma parede, vemos várias pedras brilhantes que reluzem coladas à estrutura milenar rochosa. Depois que as personagens passam por ali, ficamos ainda um pouco de tempo com a câmera estática, encarando aquela parede. E o que aparece diante de nós é o céu. Nada mais, nada menos. O céu dentro da caverna. O céu num lugar fechado. O céu é superestimado. Ele pode aparecer assim, em qualquer lugar. Assim como a beleza aparece assim, quando menos se espera. E é lindo sentir quando ela aparece. Mas é preciso estar aberto para senti-la. Atento. Eu agora espero pelo próximo filme que eu irei enrolar para assistir. Esperarei ter tão grata surpresa. Esperarei encontrar o céu – ou o inferno quem sabe?

P.S.¹ Pequena consideração: o corriqueiro, o cotidiano, quando representado por um determinado tempo na tela, talvez possa parecer uma chateação, mas creio existe sempre algo a ser mostrado e além do mais precisamos ver bastante o que é natural para que o insólito possa irromper na tela.

P.S.² O que menos importa é o filme ter ganho Cannes, importa mais o que eu ganhei com ele.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Engasguei-me com a pipoca ou Caiu manteiga na minha calça ou Vida

**************************Atenção! Talvez contenha spoilers.*************************



Tenho outro texto pronto para publicar, mas como o tempo urge e ele provoca esquecimentos deixemos este passar na frente.

É sabido (por mim, através sabe Deus de que fonte, agora não lembro), que em sua estréia em Cannes esse ano, o filme A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011) de Terrence Malick teve uma recepção dividida entre aplausos e vaias. Creio que tem sido assim ao redor do mundo, a julgar pela reação de pessoas próximas a mim. Enfim, só essa tamanha divisão de opiniões já mostra a força de tal filme e que ele não é pouca bobagem.

Para começar... opa, uma breve interrupção, perdão, é que tem uma senhora meio rechonchuda do meu lado que não para de mastigar ruidosamente sua pipoca e remexer dentro do saco..., pois bem, pra começar digo logo que o filme é lindo. Alguém me perguntará por que, Allan? Ou ninguém me perguntará. Enfim, em primeiro lugar o filme é lindo por se tratar de cinema de verdade. Isso mesmo. Cinema. Aquela arte que chamam de sétima.

Malick consegue levar ao extremo a capacidade inerente ao cinema e característica que marca essa arte que é a de expressar recorrendo a imagens. À junção de imagens que dão forma, em conjunto, a um sentido maior. Que se interligam entre si pra contar uma história. No caso de Árvore da Vida a história é adivinhe só, a vida! Sim, a vida! Com esmero o autor faz uma viagem através do tempo, da história, da vida em si. E não por mero deleite visual. Claro que existe muita beleza nas imagens fotografadas para o filme, que pelo que vi nos créditos (sim, eu vi os créditos até o final) advêm de várias fontes, mas essas imagens servem a dois propósitos que na verdade é só um: a capacidade de se mover entre um macro universo (e aí deve se pensar na imensidão do universo mesmo) e um micro universo (que é a história da família central do filme).

E é catapultados dum passado recente (anos 40-50?) para um passado distante e depois para o presente, que nos guiamos pela história. E a história não é só sobre uma família americana e seus problemas internos. A história é sobre todos nós. É sobre a vida. Sobre tudo que respira e sente, e isso implica claro, mostrar a origem da vida (a lava que és esfriada pelas águas do oceano serão palco da criação da vida). E o que teriam a ver os tais dinossauros que de repente aparecem, ora, não foram eles seres vivos? Não tiveram eles que passar seu tempo nesta bela habitação que é este planeta. Acho ainda que os animais no filme quando aparecem, e principalmente os dinossauros, quando aparecem são um grande contraponto a nossa própria existência enquanto animais que possuem a incrível (?) capacidade de pensar. É meio que dizer: ei, estamos todos no mesmo barco, minha gente, cada um no seu tempo. Enfim, isso é pra dizer de forma bem clara que nenhuma daquelas imagens está ali à toa! Nenhuma! Tudo faz parte de uma bela tentativa de colocar em uma película esse grande emaranhado que é a vida.

Levar a vida a um filme me leva a outro ponto... opa, outra interrupção, tem um casal na fileira de trás que não pára de falar, estão até gargalhando, será que tem alguma parte engraçada no filme que perdi?... sim, outro ponto: a câmera livre. Alguém pode argumentar que a câmera que fica se movimenta quase que o tempo todo durante o filme é algum tipo de artimanha para esconder um filme vazio, seria algum tipo de malabarismo para nos ludibriar? Pois bem, creio que não.

O filme, além de outras tantas milhares de leituras que podem ser feitas, possui para mim uma colocação bem explícita em relação à existência da vida: o acaso. Mas não um acaso qualquer. Para muitos a vida surgiu de um acaso, como é por acaso uma moeda minha cair dentro de um bueiro e eu me abaixar para tentar pegá-la e ao levantar dar de encontro com aquela que venha a ser a mulher da minha vida. Essa ideia da liberdade dos acontecimentos sucederem se associa aqui a ideia de livre arbítrio que o homem possui para fazer suas escolhas. Formar-se-ia assim uma dupla libertária sobre a qual ninguém pode agir de forma a obrigá-la a ir em tal direção. Mas não seria a própria existência de uma possibilidade que realmente venha a se concretizar uma forma de fazer cessar essa liberdade? Então, não seria o acaso e o livre arbítrio tão arbitrários quanto na ideia de que existe um ser superior que nos criou porque quis fazê-lo? Então já que a vida é essa contradição entre acaso e arbitrariedade do acaso, Malick opta exatamente por deixar sua câmera livre, mas sob sua arbitrariedade, ou seja, não à toa, captando qualquer coisa que apareça como pode parecer às vezes. Dessa ideia surge, em minha opinião, algo bastante interessante (para um filme demais interessante), ele consegue tecer uma estética do documentário dentro de uma história que sabemos fictícia, mas que poderia muito bem ser real, já que se trata da vida, para depois mesclar o trabalho dos atores a sua captação da vida acontecendo. E nada mais significativo disso pra mim do que a cena do garoto ainda pequeno que decide enfrentar a escada, ele a enfrenta com um olhar curioso, e começa a subi-la, existe coisa mais difusa entre documental e fictício do que isso? Talvez exista, mas essa me marcou bastante.

Por ser puro cinema esse filme é belo. Essa minha sentença me leva de volta às opiniões contraditórias que falei no inicio do texto, já que a minha é favorável ao filme. O que parece acontecer é que as pessoas estão meio cegas. Talvez isso se deva ao fato de esfregar os olhos durante as sessões de cinema com as mãos cheias de manteiga da pipoca, deve ta atrapalhando a visão. Ou talvez elas estejam encarando muito o sol diretamente. Não sei. O interessante é que com tanta coisa que se repete sempre que utiliza sempre a linguagem cinematográfica pra falar a mesma coisa do mesmo jeito, parece que muita gente estranha quando aparece algo que se assemelha realmente a cinema. Não que não seja bom comer pipoca assistindo a um filme pra se distrair (se bem que não costumo comer quando vejo filmes), mas acho que ta faltando lembrar que cinema não é só isso. Que existe arte também que é cinema. Que um filme de vez em quando não serve só pra matar o tempo, mas quem sabe pra ganhar algo com seu tempo.

É costumeiro, pra que acompanha cinema, saber os nomes dos diretores favoritos, conhecer os filmes desse diretor e coisas do tipo. Talvez fosse interessante também pra quem apenas vai ao cinema pra ver qualquer coisa, sem se importar em saber quem é o diretor ou o que ele já fez na vida, tomar nota de quem são os diretores dos quais já viu algum filme que abominou. Assim, seria mais fácil evitar um filme dele quando entrasse em cartaz. Evitaria desperdiçar sacos de pipoca que podem virar da sua mão enquanto você dorme na poltrona. Você ainda pode se sujar com a manteiga, de repente. E foi pensando nisso que eu imaginei alguns diretores dos quais quem quer apenas comer uma pipoquinha deve passar longe:

1 – David Lynch: nem pensar, muito absurdo.

2 - Apichatpong Weerasethakul: muito lento.

3 - Lars von Trier: não curto mais tanto assim, mas entra nessa lista aí.

E dos que já morreram e, logicamente, não mais produzem filmes novos, mas sempre existe aquela possibilidade de você topar com um DVD por aí, ele chamar atenção, mas é bom evitar:

4 - Stanley Kubrick: com 2001, uma odisséia no espaço, que me fez lembrar muito esse filme de Malick, talvez por ter cenas de espaço, mas muito mais certamente por ter levado ao extremo a capacidade criadora para utilizar o cinema em sua grande força. Cuidado com esse filme, certamente pode cair pipoca em cima de você durante uma cochilada.

5 – Luis Buñuel: meio doidinho esse senhor também, mas de repente você pode até dar uma risadinha de vez em quando, quem sabe.

Com certeza há mais, mas já estou com sono agora e vou aproveitar que o pessoal da fileira aqui de trás se calou pra eu poder dormir. Por ora, é só o que tenho a dizer, se surgir algo, acrescento.

P.S. Pra quem não entendeu, a lista é ironia. É bom dar uma visitada nesses diretores, vai que de repente você gosta.

P.S.² Acho que o mais importante é que a vida continua e o mundo continua rodando e que venham mais filmes pra gente amar e odiar.

P.S.³ Falta se levar a sério primeiro, e depois levar a sério o cinema ou na ordem inversa.